sábado, 24 de maio de 2014

SOBRE O NIRVANA





Quando eu era adolescente a ideia do Nirvana me apavorava. Pensar que o fim de tudo era a aniquilação total me parecia injusto e assustador. Com o passar do tempo, depois de muita pesquisa e finalmente com a experiência direta- pude compreender melhor este conceito mal compreendido até mesmo nos meios budistas . Primeiro erro é achar que o nirvana é algo que está no fim de um processo de anos de lutas, disciplinas e sadanas. Não é .O nirvana já está aqui-agora. E somente no aqui-agora ele pode ser encontrado. É aquele espaço dentro de si em que nada existe. Nenhum som, pensamento, desejo, nenhum passado,  futuro ou  presente.  Mas quem quer ser nada? Ninguém. Então o que a mente faz? Ela diz pra si mesma : “eu sou nada”.Ao dizer isso, o EGO evita o verdadeiro “nada” que é uma experiência aniquiladora- pela ideia, pelo conceito de ser nada. Ora, enquanto existir a ideia de ser ou não-ser algo, o ego continuará atuando. Quando o ego diz a si mesmo: “eu não sou”-continua sendo. Quando realmente não se é- não há pensamentos do tipo “eu”- o que constitui a aniquilação do pensador . O nirvana pois  é um estado de ausência completa de si mesmo. Nesta “ausência” o ego está momentaneamente morto. Gostaria de dizer que nesse nada você é tudo. Mas isso seria um simples conceito, uma descrição- e não seria o verdadeiro Nirvana- que é indescritível e impensável.  Nirvana é estar livre de si mesmo.( Alsibar)

7 comentários:

  1. Definição perfeita! "O nada que é tudo"... Gostei disso! Me fez lembrar um vídeo que assisti onde o mestre Nhat Hanh diz que o Nirvana pode ser traduzido como liberdade ... "a liberdade das visões " ... O difícil é conseguir deixar de lado as limitações, limitações impostas por nós. Difícil mas não impossível. Obrigada por compartilhar. :)

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  2. Perfeito, mas a pergunta que não quer calar é a seguinte: você vivenciou o nirvana ou somente articulou palavras?

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    1. Amigo, no próprio texto está a resposta : quando estou momentaneamente ausente de mim mesmo não posso responder. Nirvana já está aí. Vivencie vc tb no agora, na meditação. Se na meditação vc não vivenciar o nirvana- fora do tempo- então não meditou corretamente.

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    2. Então, se não meditei corretamete, significa que existe o oposto (meditar corretamente). Portanto, a meditação pode ser identificada pelo contraste entre opostos, ou lograr êxito pela correta aplicação de uma técnica?

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  3. Não sei o que é Nirvana. Sei o que é o terrível peso e a angustiante experiência de ser um “ego” empenhado na busca ansiosa e frenética por obter prazer, segurança, poder, reconhecimento alheio – e a posse de tudo o que se espera possa nos trazer o que chamamos de felicidade. Mas a natureza deste mundo é exatamente o oposto de tudo isso. O que há aqui? Luta, competição feroz, insegurança, ameaças e instabilidade em toda parte, muita dor, sofrimento, desrespeito, injustiça, doença e morte.

    Mas sei o que a libertação deste inferno mental autocriado pode significar. A experiência de ver-se a si mesmo “isento” e “a salvo” de todas estas misérias. Satisfeito e contente com o que é, do jeito que está! Ainda estou “aqui”, mas já não mais como uma expectativa ansiosa por obter o que quer que seja. Então estou morto? Nunca estive mais vivo! Faço o que tem que ser feito ou o que é possível e convém – de momento a momento, em paz e em harmonia comigo mesmo e com o Universo! (embora, nem sempre, com os demais seres humanos). Não há possibilidade de ser compreendido quando está liberto de si mesmo. Mas é realmente possível libertar-se de si mesmo? Os Mestres afirmam que sim! Entretanto, o “ego” não pode compreender isso, nem pode alcançar “esta liberdade”, pois ele é um produto do medo, do desejo, do passado tentando perenizar-se no futuro. De modo que, se não pudermos “morrer” completamente agora, para tudo o que “sonhamos” e tentamos preservar para o nosso "eu", neste exato instante, então, não há possibilidade de conhecermos esta libertação da ilusão de ser um “ego” em busca da sua própria felicidade. Isto soa terrivelmente assustador para o nosso "eu". Parece um suicídio, mas é como um renascimento para uma nova “vida” com muito maior liberdade e contentamento. Todos temos a "Natureza de Buda", o que nos diferencia é a nossa capacidade de nos abrir para esta Verdade e ousar permitir que ela se Realize em nossa experiência pessoal.

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